quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Em frente e avante! Trajetória da organização das graduações em Museologia no Brasil.

Ano: 2008 
Autor: Ana Carolina Gelmini de Faria
E-mail: carolgelmini@hotmail.com


É fato que a história do Curso de Museologia no Brasil está em plena transformação, rumando em passos largos, fortalecendo-se como nunca antes em questão de disseminação territorial e reconhecimento profissional. Nesta última década, observamos a criação de 07 cursos de graduação já em andamento (UNIRIO, UFBA, UNIBAVE, UFS, UFRGS, UFRB, UFPEL) e 01 mestrado em Museologia e Patrimônio (UNIRIO). Percebe-se esta movimentação inédita ao observar a trajetória dos cursos mais antigos: o da UNIRIO foi criado em 1932 e só teve a companhia de outra graduação no país na década de 1970, pela UFBA, contribuindo para a disseminação de museólogos por outras regiões do Brasil.

Com uma transformação no cenário museal, os graduandos perceberam a necessidade de articularem movimentos em que, juntos, trocassem notícias, idéias, propostas para um melhor desenvolvimento acadêmico e capacitação profissional. Em Dezembro de 2004, em decorrência do I Fórum Nacional de Museus, em Salvador, foi criado o I Encontro Nacional dos Estudantes de Museologia em paralelo a programação do fórum, numa tentativa inédita de reunir todos os estudantes de museologia do país.
“O 1º ENEMU representou um momento até então
inédito na Museologia, reunindo alunos das três graduações existentes no Brasil. Além das apresentações de trabalhos de pesquisa realizados pelos alunos, e de palestras, que reuniram diversos profissionais da área, o encontro foi um momento de reflexão à atual conjuntura do campo da Museologia no país.” (I ENEMU, 2004,
p.67).

Um dos frutos do I ENEMU foi a Rede Nacional de Estudantes de Museologia – RENEMU. Seu objetivo era de “congregar os estudantes de Museologia do país, construindo uma alternativa de articulação entre os cursos de graduação existentes” (RENEMU, internet).

Atuando como uma rede, cada universidade votava em até dois representantes que, tendo as mesmas funcionalidades, exerciam o papel de avaliar as situações de cada curso, propor incentivos e melhorias. A primeira organização foi composta por graduandos da UNIRIO, UFBA e FEBAVE. Em 2006, no II Fórum Nacional de Museus, a temática do encontro era Museologia e Juventude, assunto bem próximo ao espírito de conquista dos estudantes de graduação, fortalecendo os debates no II Encontro Nacional dos Estudantes de Museologia.
“(...) Sabemos que construir uma forma esperta de conduzir o rumo sem perder a paciência e a perseverança tranqüila de quem aspira um objetivo nos exige teimosia e lealdade. Teimosia para que a
caminhada não se perca, nem desacelere. E lealdade, com o que nos propomos a fazer, com o que escolhemos para sermos num futuro perto. Todos estamos muito perto e nessa rede podemos ousar para mudar.” (II ENEMU, 2006).

No II ENEMU os graduandos reconheceram a necessidade de aumentar a articulação do RENEMU, e apontavam como necessidades a criação de um estatuto, buscas de parcerias e capacitação de recursos e financiamento. Foi decidido que a estrutura em rede permaneceria, e novos representantes tinham a missão de intensificar o movimento de parceria entre os cursos.

Em 2008, ainda ocorrendo em paralelo à programação do III Fórum Nacional de Museus, o III ENEMU já foi estruturado com prévias de grandes transformações. Agora abrangendo 07 cursos de Museologia, ter tantos representantes sem distribuição de cargos não estava, na prática, promovendo a funcionalidade da rede. Surgiu uma proposta do curso da UFBA: criar uma executiva nacional, um novo meio de comunicação entre os mesmos, uma representação máxima dos estudantes. Após muitos debates, foi decidido que o RENEMU passaria a ser ExNEMUS (Executiva Nacional dos Estudantes de Museologia). A busca inicial é de um momento de transição, não esquecendo as raízes que geraram esta profundidade de organização.

No fundo, o ideal é o mesmo: a busca de qualidade de formação e integração entre os futuros profissionais. A ExNEMUS foi composta em cargos que atendam a participação do alunado frente a sua área de trabalho: três coordenações estruturais (fixas); Articulação Nacional, Comunicação, e Finanças, e três temáticas de exploração – Política Museológica, Patrimônio e Cultura, e Formação em Museologia e Diretrizes Curriculares – que podem ser alteradas conforme as necessidades dos graduandos (ExNEMUS, 2008). Através do estatuto é possível observar seus objetivos principais:
“Constituem objetivos fundamentais da ExNEMUS:
I – Congregar os estudantes de museologia do Brasil, possibilitandounidade das suas ações com o fim de solucionar seus problemas;
II – Defender a cultura e o patrimônio cultural como direito de todos e dever do Estado.
III – Promover o contato e o intercâmbio com outras entidades em nível Municipal, Regional, Nacional e Internacional, visando sempre o fortalecimento e a unidade do Movimento Estudantil;
IV - Incentivar a criação de entidades de base representativas (CA’s e DA’s), livres e independentes de qualquer órgão ou poder;
V - Custear financeiramente, se possível, as despesas dos estudantes em representação da Coordenação Nacional da ExNEMUS mediante repasse e recibos da atividade.
VI – Realizar anualmente as atividades previstas pelo calendário da ExNEMUS, previamente divulgado, em conjunto com uma comissão local.
VII – Integrar a defesa dos interesses e direitos dos estudantes de museologia, com compromisso social.
VIII – Lutar por uma educação pública e gratuita de qualidade.
IX – Promover os seminários de formação política.
X – Participar dos espaços deliberativos da UNE objetivando trazer para os estudantes as questões enfrentadas por esta entidade, bem como levar para ela as lutas específicas dos estudantes de museologia, sendo sempre autônoma perante a União Nacional dos Estudantes.
XI – Defender a educação pública gratuita e de qualidade assim como a excelência do ensino nas Universidades privadas, com o intuito de servir a comunidade. Posicionando-se como um agente de desenvolvimento social em conjunto da gratuidade desse saber para a sociedade nas universidades privadas” (ExNEMUS, 2008).

Com esta estruturação, diferentes formas de comunicação entre os cursos se efetivarão: seja por meios eletrônicos com comunidade e grupo on-line, impressos através de boletins, reuniões regionais e entre os representantes do ExNEMUS e, principalmente, através do Encontro Nacional dos Estudantes de Museologia, onde anualmente, será apresentado todo o trabalho desenvolvido entre as universidades e na coletividade por meio da executiva. Colhemos frutos quando plantamos boas sementes. A percepção que tenho da articulação destas graduações é que a formação de uma rede nacional foi a semente cultivada; esta proporcionou brotos, replantados em forma de executiva, que possibilitará frutos mais fortalecidos e maduros. Tudo ainda é muito novo, e uma avaliação efetiva só poderá ocorrer após os próximos encontros. Mas, só pela vontade de unirmos forças, já valeu a pena.

REFERÊNCIAS:

ExNEMUS. Estatuto da Executiva Nacional dos Estudantes de Museologia. Florianópolis, 2008.
ExNEMUS. Boletim informativo da Executiva Nacional dos Estudantes de Museologia. nº 01, Setembro, 2008. I ENEMU. 1º Encontro Nacional de Estudantes de Museologia. In: Relatório do 1º Fórum Nacional de Museus: A imaginação museal: os caminhos da democracia. Brasília, DF: MinC/IPHAN/DEMU, 2004, p. 67-68.
II ENEMU. Ousadia para mudar – debates do II ENEMU. Ouro Preto, 2006.
RENEMU. Rede Nacional de Estudantes de Museologia. Disponível em:
www.museologia.org.br/renemu.
Acesso em: 27/09/2008.

Autor: Ana Carolina Gelmini de Faria
E-mail: carolgelmini@hotmail.com